S!
Fabricante convoca casa alemã dos carrões de luxo para desenhar o interior de seus novos jatinhos executivos.
A primeira vista não há qualquer relação entre a alemã BMW e a brasileira Embraer. A Embraer faz aviões e a BMW produz carros de luxo conhecidos pela qualidade do design e a sofisticação no acabamento. E foram exatamente esses atributos que levaram a Embraer a convidar o escritório de projetos da montadora germânica, o BMW Group Designworks USA, para desenhar o interior de sua nova família de jatos. Ainda sem nome oficial, eles são da classe Very Light e Light e custarão US$ 2,75 milhões e US$ 6,65 milhões, respectivamente. E representam o ingresso da Embraer em uma nova categoria da indústria aeronáutica: a de jatos de pequeno porte, que transportam até nove pessoas. É o nicho que mais cresce na aviação executiva, que movimenta US$ 23,4 bilhões globalmente. Os protótipos em tamanho natural vão ser mostrados na feira do setor que acontece em Orlando (EUA), em novembro. Trata-se de um investimento de US$ 235 milhões, que será dividido entre a Embraer e os fornecedores.

Design BMW: janelas amplas (acima), bancos de couro, telefone e internet de banda larga
Ao associar-se à BMW, a Embraer procura unir o melhor de dois mundos: sua reconhecida competência aeronáutica à sofisticação da BMW. Não que o logotipo da grife alemã estampará a fuselagem dos novos jatos. Mas o material de divulgação lembrará, a todo instante, que se trata de um Embraer-BMW. O escritório de design da marca alemã tem longa tradição na aviação. Já assinou projetos até para a americana Gulfstream – fabricante dos jatos mais sofiticados do mundo. “Nossos clientes têm uma percepção bastante positiva da BMW”, argumenta Luís Carlos Affonso, vice-presidente de aviação executiva da Embraer. “E isso vai facilitar nossa penetração nesse novo mercado.”
Para voar mais alto que as rivais americanas e canadenses (Raytheon, Cessna, Learjet e Bombardier) que já atuam nesse segmento, a Embraer apresenta suas armas chiques, assinadas pela BMW: poltronas em couro, janelas amplas, mais espaço na cabine graças à fuselagem ovalada e um sistema de entretenimento (telefone, vídeo e internet banda larga sem fio) sob medida para homens de negócio. “Ainda assim, conseguiremos ter preços bem competitivos”, diz Affonso. Os jatos começam a ser vendidos em 2008. Hoje, o Legacy (para 13 passageiros) é o único modelo da companhia no mercado executivo e garantiu 7% da receita anual de US$ 3,4 bilhões.

US$ 23,4 bilhões: é o mercado mundial de aviação executiva. O nicho que mais cresce é o que a Embraer está entrando: o de aeronaves para nove pessoas
Ao mirar no nicho de pequenos jatos, a Embraer também tenta reduzir sua extrema dependência da aviação regional regular, da qual é líder na faixa entre 35 e 110 passageiros. No campo militar, a empresa vive momentos de angústia com a demora na definição do Programa ACS. É um megacontrato de US$ 7 bilhões, do qual a Embraer poderia embolsar até US$ 1,75 bilhão fornecendo seu ERJ-145 para a americana Lockheed Martin, que venceu concorrência feita pelas Forças Armadas dos EUA, mas ainda não definiu seus parceiros na empreitada. Além disso, a Embraer não teria fôlego para “subir” e disputar espaço com os fabricantes de grande porte como Boeing e Airbus. Então, o negócio é “descer” e apostar nos pequenos. “Foi uma opção inteligente, pois o futuro é o segmento executivo”, opina Adalberto Costa Filho, vice-presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral
Istoé Dinheiro
SP!