Israel e Palestina

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13_Diniz
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Israel e Palestina

Post by 13_Diniz »

Não sei se alguém aqui já leu "História das Guerras" organizado por Demétrio Magnoli ou "Contra o Fanatismo" do escritor israelense Amós Oz. Achei muito apropriada as colocações dele sobre o conflito. É preciso refletirmos sobre essas palavras.

Extraido do livro "História das Guerras" organizado por Demétrio Magnoli. Capitulo - Guerras Árabes-Israelenses por Cláudio Camargo página 449.
DIVÓRCIO ANTES DA PAZ

...Em seu livro Contra o fanatismo, o escritor israelense Amós Oz argumenta que um acordo entre os dois povos é possível e necessário, embora seja doloroso, pois trata-se de um conflito entre o certo e o certo. A citação é longa, mas vale a pena:

Os palestinos estão na Palestina porque esta é a sua terrra, e a única terra natal do povo palestino[...]. Os judeus israelenses estão em Israel porque não há nenhum outro país no mundo a que os judeus, como povo, poderiam chamar seu la. Como indivíduos, sim, mas não como povo, não como nação. Os judeus foram expulsos da Europa, exatamente da mesma forma que os palestinos foram inicialmente expulsos da Palestina e, em seguida, dos países árabes. Os palestinos tentaram, involuntariamente, viver em outros países árabes. Foram rejeitados, às vezes até humilhados e perseguidos, pela chamada "família árabe". Tomaram conhecimento, da maneira mais dolorosa, da sua "palestinidade", pois não eram desejados como libaneses, como sírios, como egípcios ou como iraquianos. Eles Tiveram que aprender, pelo caminho mais difícil, que são palestinos e este é o único país em que eles podem segurar-se.

Prosegue o autor de A caixa preta.

O que precisamos é de um compromisso doloroso. Porque ambos os povos amam o país, porque judeus israelenses e árabes palestinos têm raízes históricas e emocionais profundas, diferentes, mas profundas, no país [...]. Se há algo a esperar, isso é um divórcio justo e razoável entre Israel e Palestina. E os divórcios nunca são felizes, mesmo quando são justos. Especialmente esse divórcio específico, que será um divórcio bastante engraçado, porque as duas partes que se divorciam ficarão definitivamente no mesmo apartamento. Ninguém vai se mudar . Como este é muito pequeno, será preciso decidir quem ficará com o quarto A e quem ficará com o quarto B, e o que se fará em relação à sala de estar [...]. Muito inconveniente. Masmelhor do que o inferno vivo que todos estão enfrentando agora naquele país amado. Palestinos que são diariamente oprimidos, assediados, humilhados, que passam privações por causa do cruel governo militar israelense. O povo israelense que é diariamente aterrorizado por ataques terroristas impiedosos e indiscriminados contra civis, homens, mulheres, crianças, adolescentes, consumidores num shopping. Qualquer coisa é preferível a isto! Sim, um divórcio razoável.

As opções militares e políticas falharam miseravelmente no Oriente Médio. Quem sabe, então, se o caminho apontado por um escritor que está longe de ser um pacifista ingênuo seja, mais razoável?
“Gol de letra é injúria; gol contra é incesto; gol de bico é estupro.“ Armando Nogueira
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28_Condor
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Post by 28_Condor »

S!


Os comentários dele me parecem corretos, mas não sei se a solução é separar... como seria esse esse Estado Palestino? Um pedaço na Cisjordania e outro em Gaza? Como vão dividir os recursos hidricos? Sei não... dificil.

Acho que o melhor seria um Israel totalmente laico, que desse cidania aos palestinos, embora isso pareça mais utopico ainda. Mas é o mais racional, estados democraticos de verdade albergam populações de diferentes religioes e etnias.


SP!
[b]Eu confio no povo brasileiro. Voto facultativo já no Brasil![/b]
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13_Diniz
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Post by 13_Diniz »

28_Condor wrote:... estados democraticos de verdade albergam populações de diferentes religioes e etnias.
Você tocou no ponto exato Condor! Na realidade se pararmos para pensar friamente, a palestina nunca existiu como Estado( nação), daí Golda Meir ter dito uma vez que os Palestinos nunca existiram.

A Palestina fazia parte do Império Otomano e após a I Guerra Mundial, cresceu o movimento sionista. Os judeus já vinham comprando terras na palestina desde o final do século XIX, com a intenção de recriar o estado judeu da Antiguidade, as emigrações já ocorriam desde este século e se intencificaram após a I Grande Guerra.

Britânicos e Franceses dividiam o dominio "colonial", assim por dizer da região. A incompetência britânica em conjunto com a francesa, foram imcapazes de dar continuidade a proposta da conferência de Paz de Paris em 1919, que tinha como um de seus objetivos, preparar esses povos árabes para se organizarem como países e viverem como estados independentes. Isso não ocorreu. Em 1922 a Liga das Nações( antecessora a ONU) aprovou o termo da declaração de Balfour sobre o estabelecimento de um lar nacional judaico na palestina.

Vem a II Guerra e após esta, a ONU vota a resulução 181, sobre a partilha da Palestina, dando 53,5% do território palestino aos judeus, que representavam apneas 30% do total da população palestina. Ou seja, se Israel não tivesse explusado no decorrer dos anos 40 e 50 o restante dessa população, apenas assimilado estes como povo israelense, nada disso estaria aconecendo. Realmente vc tem razão, um Estado laico resolveria toda essa questão. Eu acredito que seja essa a solução.
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