Associação Nacional dos Veteranos da FEB luta para continuar

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Nilton

Associação Nacional dos Veteranos da FEB luta para continuar

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Fonte: site Revista Asas (Da redação, 17 de junho de 2008)
Em 18 de julho de 1945, a cidade do Rio de Janeiro parou para saudar o retorno triunfante à pátria daqueles que foram à guerra lutar pelos ideais de liberdade e justiça. Milhares de pessoas, talvez a maior manifestação que a cidade já viu até hoje, lotaram a Avenida Rio Branco para ver nossos pracinhas desfilando, orgulhosos pelo dever cumprido e pelo carinho da multidão que, também orgulhosa de seus representantes na libertação do jugo nazista, gritava e cantava a volta dos filhos queridos da terra. Hoje, 63 anos depois, porém, o que se vê é o descaso do país com esses homens, estes heróis reais de uma nação tão pródiga de “heróis fabricados”.
Entidade congregadora dos ex-combatentes da 2ª Guerra Mundial, a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB) sofre hoje com a falta de apoio, governamental ou privado, para prosseguir com suas atividades. Fundada em 1963, ela presta, principalmente, assistência social (muitos veteranos vivem hoje em extrema dificuldade, esquecidos pelo poder público) e jurídica a seus afiliados e dependentes, além de funcionar como um ponto de reunião dos pracinhas remanescentes. Com quase 600 sócios, aproximadamente 10% do que havia na época da fundação, a entidade vê seus recursos minguarem dia após dia, já que, por força da lei, ela só pode contar com as mensalidades dos associados (que pagam R$ 20,00 por mês) e com doações. Mesmo tendo sido feita uma campanha, há cerca de um ano, para atrair pessoas interessadas em entrar como sócias especiais da associação (só eram permitidos os ex-combatentes), os resultados não foram suficientes para reverter a situação.
Desde o início desta década, a entidade vem operando com déficit, tendo que recorrer a um fundo de aplicação para poder equalizar as contas (as despesas mensais são de aproximadamente R$ 25.000,00 enquanto a receita beira os R$ 10.000,00), fundo esse que já está exaurido. Seus oito funcionários foram demitidos no final do mês de maio (antes que o dinheiro acabasse totalmente e não pudessem ser honrados os compromissos com encargos trabalhistas) e, mesmo antes disso, a Casa da FEB passou a funcionar apenas duas vezes por semana, durante a tarde.
Além do trabalho com os veteranos, a associação é também responsável pelo mausoléu dos ex-combatentes, localizado no Cemitério São João Baptista, no Rio de Janeiro (nele estão enterrados, inclusive, o marechal Mascarenhas de Morais, comandante da FEB na Itália, e sua esposa); pelo ossário localizado no Cemitério do Caju, também no Rio de Janeiro; e pelo Museu da FEB, além da biblioteca e de um acervo de imagem e som. O museu, com peças trazidas da Itália pelos soldados, não possui as condições mínimas necessárias para o acondicionamento do acervo, e certos itens já se encontram deteriorados, principalmente por mofo e traças, além do cupim que ataca algumas vitrines e armários. Uma farda do marechal Mascarenhas de Morais tem, além de mofo, 63 perfurações provocadas por traças. O acervo inclui, além de uniformes diversos (brasileiros, alemães, italianos, etc), capacetes, armas, várias peças de uso dos soldados e, inclusive, uma bandeira nazista capturada aos alemães. Diversos itens são raros e de grande valor histórico. Tanto a biblioteca quanto o acervo de imagem e som estão em condições estáveis, com alguns itens à espera de restauração. Apesar disso, as condições de armazenamento estão muito aquém das ideais para material dessa idade e importância.
A diretoria da ANVFEB tem procurado alternativas para conseguir manter a mesma funcionando. Uma delas é conseguir que o Estado do Rio de Janeiro, dono do terreno onde funciona a Casa da FEB, no centro da capital fluminense, doe-o para o Exército, mediante a doação ao Estado de um terreno desta força que hoje abriga a escola de oficiais do Corpo de Bombeiros. Esse pleito já se encontra nas mãos do governador Sérgio Cabral Filho, que ainda não decidiu sobre o pedido. O Exército, também procurado pelos veteranos, impossibilitado de fornecer ajuda financeira, cedeu oito militares para substituir os funcionários demitidos. O próprio presidente Lula foi procurado e pessoalmente prometeu ajuda – que ainda não ocorreu. Apesar disso e do curto prazo para que seja encontrada uma solução, os diretores continuam otimistas e o presidente da associação, cel. Hélio Mendes, tem planos para, assim que a situação começar a melhorar, tentar receber estagiários para cuidarem do acervo histórico que a casa possui, e buscar voluntários para realizarem determinadas tarefas na Casa.
Infelizmente chegou-se num ponto onde são necessárias soluções urgentes para que esse pedaço importante da história do país não caia no esquecimento. Esses heróis que orgulharam o nome do país, mais do que nunca precisam do apoio dessa mesma população que efusivamente os saudou há seis décadas atrás.

(Carlos Filipe Operti)
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