AHHHHH... é pra da nó no cérebro!

Piadas e gozações generalizadas.
Post Reply
User avatar
Shinke
Marraio
Marraio
Posts: 1075
Joined: 14 Mar 2007 21:00
Location: Canoas/RS
Contact:

AHHHHH... é pra da nó no cérebro!

Post by Shinke »

S!

Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco - (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo Professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

Redação:

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no
elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos
pelas preposições da vida.
E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com
um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito
oculto, com todos os vícios de
linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo
gostou dessa situação: os dois sozinhos,
num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a
se insinuar, a perguntar, a
conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno
índice. De repente, o elevador pára,
só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo
para provocar alguns sinônimos. Pouco
tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a
se movimentar: só que em vez de
descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a
sua flexão verbal, e entrou com ela
em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética
clássica, bem suave e gostosa.
Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram
conversando, sentados num vocativo,
quando ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente
chegaram a um imperativo, todos os
vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu
ditongo crescente: se abraçaram, numa
pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não
perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra
soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente
oxítona às vontades dele, e foram para o
comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos
e substantivos, ele foi avançando
cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu
predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um
perfeito agente da passiva, ele todo
paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen
ainda singular. Nisso a porta
abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido
tudo, e entrou dando conjunções e
adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de
preposições, locuções e exclamativas. Mas ao
ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o
verbo auxiliar diminuiu seus advérbios
e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo
o edifício.
O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que
loucura, minha gente. Aquilo não era nem
comparativo: era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele
predicativo do sujeito apontado para seus
objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do
substantivo ao seu tritongo, propondo
claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto
abusava de um ditongo nasal,
penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento
verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois
dessa, pensando em seu infinitivo,
resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo
seu conectivo, jogou-o pela janela
e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo
feminino colocado em conjunção
coordenativa conclusiva.

:gira: :bolado:
Abraços,
Krauthein
Post Reply