o video da CNN esta no final.
Reportagem:
Cestas que derrubam muro de preconceitos
José Meirelles Passos
Correspondente
WASHINGTON. Jason McElwain sempre foi louco por basquete. Mas passou
todo o curso secundário do lado de fora das quadras, como assistente do
técnico do time de sua escola. Ele cuidava das estatísticas, ficava no banco
fiscalizando o cronômetro durante as partidas, e distribuía água para os
colegas que jogavam. Jason, de 17 anos, jamais tivera chance no time. O
motivo, segundo o técnico Jim Johnson, não era o fato do garoto ser
autista mas, sim, a sua estatura — apenas 1,67m.
— Jason ama o basquete, mas não é suficientemente alto para ganhar
posição num time colegial — disse o técnico.
Terça-feira passada, porém, Jason ganhou status de herói nacional, ao
ser recebido — e homenageado — pelo presidente George W. Bush ao pé
da escada do Air Force One, o jato presidencial, no aeroporto de Rochester,
estado de Nova York. E ontem, a sua família contou que nada menos do
que 25 estúdios e agentes de Hollywood já bateram à porta de sua casa,
oferecendo milhões pelo direito de levar a sua história ao cinema.
Bush é acusado de fazer politicagem
Tudo porque, na última partida do campeonato colegial da região, dias
atrás, Johnson decidiu dar uma chance a Jason. Ele pediu que o rapaz, que
sempre ficava no banco usando uma camisa branca e gravata preta,
vestisse a camiseta do time da Greece Athena High School, de Greece,
subúrbio de Rochester.
Faltavam cinco minutos para o fim da partida (decisão do torneio) e o time
da casa vencia folgadamente. Era o último jogo do ano, e o último ano de
secundário de Jason (que se formará em maio).
— Ele sempre se dedicou ao máximo à equipe. Resolvi agradecer desse
jeito. Queria que Jason jogasse e levasse a camisa do time para casa,
como recordação do dia em que finalmente jogou — lembrou o treinador.
Os 900 espectadores ficaram de queixo caído ao presenciarem a curta —
apenas quatro minutos — mas surpreendente carreira de Jason. Na
primeira jogada ele errou, por muito, a cesta. Na segunda, novo erro. O
técnico chegou a se arrepender de sua decisão, achando que acabara de
expor o rapaz ao ridículo.
Ainda assim ele foi aplaudido pelos colegas. Para eles, só o fato de
Jason — um austista — estar em campo merecia o incentivo. Nos quatro
minutos seguintes ele fez o inimaginável:
— Eu simplesmente explodi! Mas me senti completamente à vontade,
relaxado. Fui atirando a bola como se estivesse cobrando lances livres —
explicou Jason depois, modestamente orgulhoso.
Ele acertou nada menos do que sete cestas seguidas — seis delas de três
pontos. O jogo terminou depois da última, com o time do autista vencendo
por 79 a 43 — sendo 20 pontos dele. A torcida invadiu a quadra e o
carregou nos ombros.
— Esse foi o primeiro momento em sua vida em que Jason conseguiu um
êxito e pôde se orgulhar disso publicamente. Eu vejo o autismo como se
fosse o Muro de Berlim, e Jason o derrubou — disse a sua mãe, Debbie,
contando que o filho só começara a falar aos cinco anos de idade.
Um vídeo do desempenho, filmado por um colega, chegou a uma estação
de TV local. Outras correram em busca de cópias. As cenas foram repetidas
várias vezes pelas grandes redes nacionais. O presidente George W. Bush
as viu na Casa Branca, durante um noticiário:
— Vi na TV e chorei, como muitas outras pessoas. É a história de um jovem
que encontrou o seu toque numa quadra de basquete e, com isso, tocou o
coração dos cidadãos deste país — disse o presidente, terça-feira, ao
abraçar o rapaz, quando chegou à cidade de Jason para fazer um discurso
sobre a reforma da previdência.
Os estúdios Disney e Warner Brothers foram os primeiros a procurar a
família de Jason. Magic Johnson, um super-astro aposentado do basquete
americano, hoje dono de uma cadeia de cinemas, também telefonou,
interessado em adquirir os direitos sobre a história do rapaz. Camisetas e
canecas com a fotografia do herói autista já estão à venda em várias
cidades.
Bush, depois de ter faturado pontos políticos ao posar para fotos
abraçando o novo herói nacional, ontem recebeu uma avalanche de
telefonemas e e-mails acusando-o de politicagem. Os remetentes
sugeriram que em vez de explorar a imagem de Jason, ele fizesse mais
pelos autistas — lembrando que no orçamento, que acaba de propor à
nação Bush, cortou todos os recursos destinados ao National Children’s
Study, um projeto que investiga as causas do autismo, e eliminou os
descontos que famílias de crianças autistas recebiam no tratamento da
doença. O custo da terapia para cada uma delas chega a US$ 90 mil
anuais.
Video:
http://movies.crooksandliars.com/cnn_pl ... 60223a.wmv
Fontes:
http://www.crooksandliars.com/2006/02/25.html#a7298
http://oglobo.globo.com/jornal/esportes/192303949.asp