“Logo que Gutenberg e Schoeffer terminaram a última folha de sua monumental Bíblia, o financista da firma, Johan Fust, tomou para si cerca de uma dúzia de exemplares, a fim de verificar a melhor maneira de colher os frutos de seus pacientes investimentos. E para onde se voltou ele, em primeiro lugar, para converter suas bíblias em dinheiro? Dirigiu-se a Paris, então a maior cidade universitária na Europa, onde mais de 10 mil alunos lotavam a Sorbonne e outras faculdades. E o que encontrou ele naquela cidade para seu amargo desprazer? Uma corporação bem organizada e poderosa, a guilda do forte comércio livreiro, a Confrérie des Libraires, Relieurs, Enlumineurs, Écrivains et Parcheminiers [...] fundada em 1401 [...] Alarmados pelo aparecimento de um forasteiro detentor de tesouro tão inaudito, quando constataram que ele estava vendendo uma Bíblia atrás da outra, chamaram logo a polícia e apresentaram seu abalizado veredicto de que tal quantidade de livros valiosos só poderia estar na posse de um só homem mediante a ajuda do próprio diabo. Fust teve de fugir para salvar a pele, ou sua primeira viagem de negócios teria terminado numa vexatória fogueira…”
EISENSTEIN, Elizabeth. A revolução da cultura impressa: os primórdios da Europa Moderna. São Paulo: Ática, 1998.
A Bíblia de Gutenberg já foi considerada coisa do diabo
A Bíblia de Gutenberg já foi considerada coisa do diabo
A morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da
humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram,
eles dobram por ti. - John Donne
humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram,
eles dobram por ti. - John Donne