Vitória do Hamas: extremistas no poder

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31_CrossBones
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Vitória do Hamas: extremistas no poder

Post by 31_CrossBones »

:skull:

S!
Ruas palestinas tomadas de verde para celebrar a vitória do Hamas

"Deus está com o Hamas", grita, olhando para o céu, um grupo de mulheres completamente cobertas com véus no centro de Ramallah, onde milhares de pessoas celebraram nesta quinta-feira a vitória do grupo extremista islâmico nas eleições legislativas palestinas.

O Hamas conquistou a maioria absoluta no Parlamento, ao obter 76 assentos de um total de 132, contra 43 cadeiras do Fatah, segundo a Comissao Eleitoral. A praça Al-Manara, coração da cidade cisjordana de Ramallah se vestiu de verde, a cor do Hamas, depois da oração da tarde na mesquita de El-Bireh. Famílias inteiras e centenas de jovens militantes com bandeiras, gorros do movimento e grandes fotografias de seus "mártires" se uniram à manifestação da vitória. "Nos sentimos felizes, pois sempre acreditamos na vitória. O Hamas quer acabar com a pobreza deste povo, a falta de trabalho e de liberdade", assegura, muito animado, Ahmad Quran, militante do grupo extremista que acaba de sair de uma prisão israelense, onde cumpriu pena de quatro anos.

Vários homens armados atiraram para o alto no momento em que um alto-falante cita os mortos da causa palestina, começando pelo xeque Ahmed Yassin, líder espiritual do Hamas, assassinado por Israel em 2004, Abdelaziz Rantissi, outro líder também eliminado em um ataque meses depois, e Yasser Arafat, líder emblemático dos palestinos e do Fatah, falecido em novembro de 2004.

"Não queremos nos separar dos palestinos que não votaram em nosso grupo. Nossa vitória também é sua vitória. Hoje todos devemos estar felizes", clama Ahmad Mubarak, um des candidatos do Hamas em Ramallah. Os gritos de "Alá é maior!" e "Hamas vitorioso nas eleições" só foram interrompidos para a entoação de um hino em homenagem ao xeque Yassin.

"A comunidade internacional tem que entender que o Hamas nos ajudará a lutar por algo que nos pertence. A Europa pode ameaçar não dar mais dinheiro para nós, mas este dinheiro não faz falta porque Deus está conosco", alega a advogada Suhair Bileh.

Por um momento, jovens do Fatah, visivelmente irritados com a derrota do partido, tentam sabotar a manifestação festiva. Eles jogam pedras e insultam os participantes, mas recebem uma sonora vaia e são rapidamente afastados do local por membros do Hamas.

"Desde a morte de Abu Ammar (como Arafat era chamado pelos palestinos), o Fatah entrou em uma decadência total e Abu Mazen (apelido de Abbas) ainda não nos trouxe nada positivo", lamenta o comerciante Mahmud Salam. Ele explica que sempre votou no Fatah, mas que na quarta-feira apoiou o Hamas nas urnas.

Na sede do Parlamento, alguns simpatizantes do movimento extremista trocaram a bandeira palestina por uma do Hamas, mas foram expulsos do local pelas tropas de segurança. "Os Estados Unidos e a Europa são responsáveis em parte por esta vitória, pois nos abandonaram e só defenderam os direitos de Israel", critica Samia, mãe de família com um bebê nos braços.

As celebrações também foram registradas em Nablusa, norte da Cisjordânia, e em diversos pontos da Faixa de Gaza. "Queremos voltar às terras de nossos avós que foram ocupadas pelos judeus e queremos rezar em Jerusalém sem que um soldado impeça a nossa passagem. O Hamas vai nos ajudar", afirma Manal, uma jovem estudante antes de se perder entre as bandeiras verdes pelas ruas de Ramallah.

AFP
SP!
Os políticos são como as fraldas: devem ser trocados constantemente, e sempre pelo mesmo motivo.

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28_Condor
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Post by 28_Condor »

S!

A principio isso parece soar ruim (e em se tratando de Oriente Médio tudo pode acontecer), mas se você comparar com a trajetória de outros grupos terroristas que assumiram o poder através do voto (como na Irlanda), vai ver que isso transforma a atitude do grupo, porque agora eles vão ser cobrados a dar emprego, saúde, educação e bem-estar ao povo, e isso você não faz com uma metralhadora na mão, mas com uma caneta e ideias na cabeça, porque prosperidade você só consegue estabilizando as coisas, e não o contrário.

SP!
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17_Vulture
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Post by 17_Vulture »

É isos aí Condor. Alguns dos grupos separatistas (que, particularmente, não classifico como terroristas, mas assim são vistos por EUA e parte da Comundiade Européia) tinham braços políticos para além do conflito armado. Entendiam que seu objetivo poderia ser conseguido com luta, mas também com negociação. Quando a negociação venceu a maior parte das batalhas, o confronto armado foi abandonado (caso do IRA, na Irlanda do Norte) ou pelo menos temporariamente deixado de lado (caso do ETA na Espanha/França).

Poderia entrar na questão ETA - Batasuna, mas é uma questão razoavelmente mais delicada, devido ao banimento do partido (e derivados) pela Suprema Corte Espanhola

É claro que isso não é o padrão obrigatório, mas é o que esperamos que aconteça. Atitudes extremistas como as já anunciadas pelos EUA de "não dialogar com o Hamas" só prejudicam ainda mais o cenário. O povo é livre para eleger seus representantes, e se estes, em uma eleição pra lá de vigiada pela comunidade internacional elegeu aqueles como tal, eles tem legitimidade suficiente para serem objeto de diálogo. A própria Inglaterra se deu conta disso, quando percebeu que o diálogo com o Sinn Féin era mais vantajoso que o conflito com o IRA.

A não ser, claro, que democracia, para os EUA signifiquem: vocês podem votar em qualquer um, desde que seja alguém que eu goste...
[b]Jambock__17 - Vulture

[i]"Na cidade-mar, você quem manda em tudo
[color=red]FLAMENGO[/color], Brasil
Você é grande no mundo"[/i][/b]
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28_Condor
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Post by 28_Condor »

17_Vulture wrote: A não ser, claro, que democracia, para os EUA signifiquem: vocês podem votar em qualquer um, desde que seja alguém que eu goste...
Esse é o maior problema, Vulture. Ironicamente, a auto-denominada maior democracia do mundo (não é, é a Índia), parece não entender bem o processo democrático. Vide os problemas que tivemos aqui com as ditaduras apoiadas por eles, com as ditaduras que ainda apoiam (Arabia Saudita, apenas um exemplo). Não entendem que o processo democrático purga a si mesmo, e que é preciso legitimá-lo, não questioná-lo só por causa do político de plantão, por pior que este possa parecer. Só se deve intervir se o proprio processo democrático é quebrado por dentro. O exemplo mais clássico é o de Hitler, eleito democraticamente, o que o legitimou, mas quando o proprio interrompeu esse processo ele se deslegitimou. Mas que aconteceu? Nada, porque era visto como um contra-ponto importante ao comunismo, e, tb logico, porque começou a comprar muito da industria americana. Esse é apenas um caso em que os EUA agiram ao contrário do que seria o logico.

SP!
[b]Eu confio no povo brasileiro. Voto facultativo já no Brasil![/b]
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