Redsoldier wrote:Agora, excelente explicação Aerroc, mas gostaria de saber uma coisa:
Não é possível remover algumas das varetas de urânio remotamente do reator quando verificado o problema?
Obrigado Redsoldier. Eu sempre gostei de física, e por incrível que pareça, há algum tempo que faço apologia a energia nuclear. Já digo que estou reavaliando, mas é a geração de energia elétrica que menos matou por Watt gerado. E algumas ongs ecológicas estudaram defende-la como uma energia viável no 'custo/risco/benefício' (é claro que neste momento não tem mais nenhuma que coloque a cara para dizer isto...). Os acidentes que ocorreram até hoje foram por erros humanos na operação e/ou projeto, muitos deles toscos. Em Fukushima, por exemplo, os geradores de emergência para manter a refrigeração ficavam no subsolo (vamos analisar: a usina fica na beira do mar, na praia mesmo, da costa que mais recebe terremotos no planeta! Tsunamis é uma ameaça tão real que há sirenes nas cidades para alerta-los. E colocam os geradores de emergência no subsolo!?!?), e aí veio um tsunami maior do que foi previsto no projeto e alagou a sala dos geradores (putz!!!). As usinas modernas nem dependem mais de energia elétrica para a refrigeração. E as hidrelétricas dão a falsa impressão de serem seguras, mas hoje sabe-se que são uma das maiores fonte de gás carbônico no planeta, devido a decomposição da matéria orgânica alagada.
Quanto a tirar as varetas de urânio do reator, não acho que seja uma boa ideia.
1 - Tirar a vareta do elemento praticamente não vai diminuir o calor que ela gera. A própria vareta em si gera energia, pois a reação acontece entre todos os átomos, e não somente entre as varetas. Esta é uma razão do porque não é possível parar a reação, ela acontece dentro da própria vareta.
2 - Existem diversas paredes de contensão da radiação (normalmente duas de aço e uma de concreto) que deixam o reator hermético, isto para evitar a todo custo que numa falha a radiação vaze para o ambiente. Tirar uma vareta de lá de dentro nesta situação não é o melhor a se fazer.
3 - O reator fica numa pressão absurda dentro desta contensão. Isto para que a temperatura de ebulição da água fique extremamente alta. Pois se você manter a água em estado líquido até os 300°C ela conseguirá retirar muito mais calor do que se ela 'já' evaporasse aos 100°C. Sem esta pressão acredito que seja impossível resfriar um elemento combustível usando água. Então, acho que é mais uma razão para não tirar de lá de dentro.
Como o Sokol citou, o sarcófago de Chernobyl está vencido a 5 anos e possui muitas fissuras quem podem vazar a qualquer hora.
Estão construindo um novo sarcófago, mas na última previsão que eu li, se é que ainda é válida, ele ficaria pronto somente em 2013.
Também concordo que esta operação parece pacata demais. Mas vale lembrar que Chernobyl foi bem diferente, lá houve o meltdown e o carbono (usado como o boro para controlar a reação) entrou em combustão, a combustão do carbono acontece a milhares de graus e é praticamente impossível de apagar, só apaga depois de queimar por completo. E era principalmente esta queima do carbono que estava levando material altamente radioativo para a atmosfera junto com a fumaça/vapor.