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Depois do "caloroso" debate sobre motos, chegou a vez dos carros, ou melhor: Super Carros

Considero esta matéria "leitura obrigatória".
Comparativo dos sonhos
Os editores da revista Auto Motor und Sport fizeram o teste do sonho de qualquer mortal no mundo: avaliar os nove esportivos de série mais velozes do mundo
Se esta matéria contasse apenas com o Bugatti Veyron - um dos carros deste comparativo - nós já teríamos horas de diversão para descrevermos todo o prazer que é guiar esta máquina a 400 km/h. Mas os editores da revista Auto Motor und Sportd enlouqueceram de vez e reuniram os nove bólidos de série mais desejados do mundo. Para se ter uma idéia, o carro mais fraco que comparamos é o Porsche 911 Turbo, uma jóia recém-lançada com “meros” 480 cv de potência.
Seja bem-vindo ao centro de testes da Volkswagen, bem próximo a Wolfsurg, Alemanha. A pista, que conta com 9 km de reta, é de alta segurança e fica atrás de um arame farpado, para deixar todos os “curiosos” bem longe de lá. Foi exatamente neste local que a Auto Motor und Sport reuniu verdadeiros sonhos em forma de carro: Aston Martin Vanquish S, Corvette Z06, Dodge Viper SRT-10, Ferrari 599 GTB Fiorano, Ford GT, Lamborghini Murciélago LP 640, Mercedes SLR Mclaren, Porsche 911 Turbo e o “sonoro” Veyron. Todos colocados à prova perante o sistema de medições de velocidade e apoiado por um dispositivo GPS, para obter números precisos desses bólidos.
Aston Martin Vanquish S
O Aston Martin Vanquish S é o único que deveria ter sido poupado dessa “tortura”. Mesmo sendo o modelo mais esportivo da marca, ele é um gentleman, com a tradicional fleuma britânica. E mesmo na versão S, com suspensão mais firme, direção sensível e relação de compressão mais elevada, falta “nervosismo esportivo” ao carro.
Claro que o modelo não deixa de ser um esportivo nato. “Quando ligamos o motor, escuta-se o som grave e intimidante, aí dá vontade de acelerar sem parar” conta o repórter Marcus Peters.
O curioso é que o habitáculo, que conta com couro alcântara, é muito bem isolado e o ronco do motor não chega a ser surpreendente. “Os 6 litros, com seus 57,7 kgfm, dão conta de locomover quase 2 toneladas, mas o Aston Martin arranca como um sedã de família”.
“O Vanquish é o exemplo de como um grande esportivo pode manter a fineza aristocrática da tradição britânica, de tal modo que chega a parecer deslocado nessa situação”.
A velocidade máxima ficou abaixo da indicada pela fábrica e a 6ª marcha deveria ter suportado mais algumas rotações. O indicador de velocidade imobilizou-se em sóbrios 317 km/h em vez dos esperados 333 km/h.”, completa Peters.
Ferrari 599 GTB Fiorano
Essa também é a meta da Ferrari 599 GTB Fiorano: chegar a mais de 330 km/h. A elegante carroceria da nova “arte” de Pinifarina esconde o mesmo motor 6 litros da já lendária Enzo. Com uma bela arrancada, sem grandes desvios de trajetória e sem perder potência, a 599 GTB parece estar “em casa” dentro da pista. Os 60,8 kgfm de torque permitem acelerar de 0 a 100 km/h em míseros 3s5, um valor precisamente dois décimos abaixo do indicado pelo fabricante. Algo raro de se acontecer. “Sensacional para um modelo esportivo com motor dianteiro e tração traseira” disse o jornalista “felizardo” Marcus Peter.
Nas 7 600 rpm, 620 cv querem sair pelas câmaras de combustão em explosões violentas. O excesso só termina quando você engrena a 6ª marcha e se atingem 8 000 rpm. O que quer dizer 335 km/h na prática algo que a 599 GTB anuncia com um som cortante de aceleração.
Lamborghini Murciélago LP 640
Diante dessa demonstração de eficiência e performance da marca do cavalinho rampante, o arqui-rival italiano ficou furioso. Quem conhece um pouco da história de carros esportivos sabe que estamos falando da Lamborghini, um eterno rival da Ferrari. Nem a passagem para as mãos da Audi conseguiu apagar o poder sombrio da tradição de Sant’ Ágata Bolognese, algo que o Lamborghini Murciélago LP 640 traz para o terceiro milênio.
O grave ronco do V12 central deixa nosso repórter em dúvidas. “Será que dentro deste propulsor de 6.5 l se movimentam apenas peças mecânicas? Ou será que existe um submundo demoníaco dentro do motor?”
Da inércia até 100 km/h, o Lambo leva apenas 3s4, o segundo melhor tempo deste comparativo, ficando atrás apenas do Veyron. A tração integral evita que os 640 cv se tornem violentos a ponto de destruir os pneus, mas se torna bem diferente da “purista” tração traseira da Ferrari. “Pelo menos até 340 km/h não há o que perturbe este Lamborghini. Uma tranqüilidade que é acompanhada pelo uivo de um propulsor de 12 cilindros que roda a 7 800 rpm, algo que se pode comparar a uma sirene de bombeiros aguda, incômoda, permanente”, disse Peter.
Porsche 911 Turbo
Comparado com o touro italiano, o Porsche 911 Turbo é um garoto descontraído. Ele é o que mais tranqüilamente pode ser usado no dia-a-dia, qualquer que seja a situação de trânsito. Mas quando “atiçado”, o boxer de 3.6 l acelera com muita rapidez até a zona vermelha do conta-giros, onde se alcançam 310 km/h. Podemos entender o quanto o 911 Turbo é “acertado” pelo comentário de Peter. “O mais impressionante é perceber que, graças a tantos anos de carreira e muitas evoluções, tudo isso acontece sem que o 911 Turbo de tração integral mostre a mínima vontade de desviar de sua trajetória.” Para quem está atrás de um veículo “real” e não de um “Batmóvel” (como um Lamborghini), o Porsche 911 Turbo é o que mais se adapta às necessidades.
Dodge Viper SRT-10
Chegou a vez de colocar um americano na pista. O Dodge Viper SRT-10 conta com os argumentos clássicos de um esportivo feito na terra do Tio Sam: performance e ausência de sistemas de auxílio para o motorista. Tudo que o Viper possui é uma força bruta embaixo do capô: um motor V10 de 8.3 l. Uma cilindrada gigantesca que consegue até proporcionar consumo de combustível aceitável. Há quem torça o nariz por ser um motor derivado de caminhão, mas é porque nunca experimentou os 507 cv e o torque de 71,1 kgfm no pedal do acelerador.
“Quem quiser fazer o ‘sprint’ em 4s3 com um Viper tem de saber todos os truques sobre aceleração; porque só existem três auxílios: acelerador, embreagem e torque. Quem organizar essa valsa a três, com certeza conseguirá”.
Depois é só deixar o volante reto e esperar chegar até a sexta marcha. O câmbio está preparado para atingir 480 km/h(!), mas basta a 5ª marcha para pôr fim na dança: a víbora tem seu limite de velocidade a 298 km/h.
Ford GT
Como o Ford GT já saiu de produção, os editores da revista alemã tiveram de “mexer os pauzinhos” e conseguir uma unidade para este teste de gala. Depois de muitas ligações e esperas, Detlef Hübner, um apaixonado por automóveis, emprestou seu próprio Ford GT vermelho, mas com uma condição, seu filho Dennis teria de guiar o carro. Como a transmissão apresentou problemas na hora H, o pai Hübner não foi nada humilde: enviou em pouco tempo um segundo GT, agora na cor branco.
“O motor V8 5.4 l embala o condutor como um hino melódico”, nos conta Marcus. O compressor Eaton empurra o carro com todo o vigor até uma faixa de rotação inusitada, em um ritmo de 0,83 bar, suficiente para resgatar toda áurea das corridas de Le Mans dos anos 1960. A aceleração de 0 a 100 km/h foi cumprida em 3s9 e a máxima ficou estancada em 330 km/h ótimos números com potencial para brigar com os oito modelos (vamos deixar o Veyron de fora).
Corvette Z06
O próximo bólido testado também veio dos Estados Unidos e carrega uma história de orgulho. É o Corvette Z06, a versão apimentada do conhecido “Vette”. O motor é um V8 de 7 litros, sem turbo nem compressor. O modelo conta apenas com o impulso clássico que é produzido a partir da capacidade dos 8 cilindros. “Parado, o Vette não emite mais que um murmúrio. Mas quando o esportivo começa a entrar em ação liberta o estrondo provocado pelo torque de 63,7 kgfm a 4 800 rpm. O prazer de acelerar este Corvette é tão grande que nem nos queixamos dos 5 km/h que ficaram devendo dos 320 km/h prometidos pela fábrica”, comentou Peter.
Mercedes SLR Mclaren
O Mercedes SLR Mclaren também mostra desde cedo alguma dificuldade em cumprir a promessa de chegar aos 334 km/h anunciados pela fábrica. Tem pouco em comum com o seu antepassado, o Mclaren F1, mas a potência é idêntica: 626 cv. O SLR traz o perfeito pensamento AMG: máxima potência, sem esquecer do luxo total.
Pressionando o botão de partida, que fica situado em uma posição à la aviões de caça, no topo do manche, quero dizer, câmbio, um assobio arrepiante se instala na cabine. “O torque de 78 kgfm gruda o corpo no banco até os 300 km/h”. Mesmo com 1,8 tonelada e um câmbio automático, este SLR é um dragster facilmente provocável, basta acelerar. No fim, ele chegou 10 km/h mais lento que o anunciado pela fábrica: 324 km/h.
Bugatti Veyron.
Chegamos agora ao modelo mais esperado. O veículo que quebrou várias barreiras no mundo dos automóveis de série o imponente Bugatti Veyron. Só o nome da marca já impõe respeito. Mas, diferentemente do que muitos imaginam, pilotar o Bugatti 16.4 Veyron não exige nem um tipo de ginástica. Tudo que se necessita é um pé direito pesado.
A partir daí, não há maneira de ficar pasmando com a indicação de “1 001 cv” no indicador de potência que aparece sempre que se “espreme” o Veyron até o limite. Graças aos 16 cilindros, tração integral, quatro turbos e o câmbio DSG, a arrancada deste Bugatti é o que mais se parece com a decolagem de um caça F-14.
A força de impulsão começa de 0 a 100 km/h, que é feito em míseros, ridículos, humilhantes 2s5 – números de motos esportivas, que pesam 150 kg. Mas essa força não tem limites, nem a 300 km/h, nem a 350 km/h. Só a partir dos 380 km/h é que o Bugatti abandona o mundo do aumento constante de velocidade e sente a força da resistência física e aerodinâmica.
“Quando o Veyron troveja ao fundo da curva sul da pista de Ehra, os dispositivos de medição registram 402 km/h.” (PQP...VTF)
Só o agravamento das condições climáticas impediu a equipe de fazer novas tentativas de recorde. Mas nem precisou: os 402 km/h já quebraram barreiras e mostraram o quanto o Veyron está acima de todos os outros bólidos, até dos mais potentes. Sem desmerecer todas estas belas máquinas que vimos aqui, esperamos que em pouco tempo alguma outra montadora excêntrica crie um “brinquedo” para rivalizar com o automóvel de série mais veloz do mundo: o Bugatti 16.4 Veyron.
Por Auto Motor und Sport - Edição Thomaz Rothmann
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