Fórum do 1º Grupo de Aviação de Caça Virtual - Senta a Pua!
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), com certeza é o pai da aviação, porque resolveu o aspecto crucial do vôo: a decolagem e a aterrisagem por meios próprios, enquanto o Flyer do irmãos Wright (mesmo o protótipo avançado de 1908) era um beco sem saída evolutivo na história da aviação!
Alberto Santos-Dumont
23 de outubro de 1906
Hoje é um dia muito agitado para todos que estão hoje no Campo de Bagtelle, em Bois, e novamente o homem que criou toda essa excitação é Alberto Santos-Dumont.
Após alguns experimentos com balões, Dumont começou a dedicar-se aos aparelhos mais-pesado-que-o-ar, como uma evolução natural para o vôo mecanizado. Em parceria com Voisin começaram a conceber o aeroplano.
As asas do Engenho são baseadas nas pipas-caixão de Lawrence Hargrave e suas superfícies principais tem um ângulo de diedro. O motor Antoinette está localizado entre as asas e a hélice fica atrás. Os controles de vôo estão na parte anterior, que é outra célula em forma de pipa-caixão que se movimenta para cima e para baixo. Finalmente tem um cestame de onde Santos, de pé, pode pilotar o engenho.
É chamado 14-bis
Eu estive com ele algum tempo atrás enquanto testava sua maquina pendurada num balão chamado Nº14. Era uma combinação bizarra! O Aéro Club anunciou um prêmio de 1.500.000 de francos para a primeira aeronave que voasse 100 metros. Monsieur Archdeacon acrescentou ao prêmio um montante para 3.000.000 de francos para quem voasse os primeiros 25 metros. Ontem Santos-Dumont informou ao Aéro Club que tentaria quebrar esses 25 metros hoje.
Um amigo do Aéro Club veio a minha casa noite passada e me contou a respeito disso, mas esqueci de perguntar a hora exata, cheguei aqui muito cedo pela manhã, Bagatelle tinha apenas algumas pessoas, então percebi o quão cedo havia chegado... Após algum tempo Santos chegou com seu 14-bis e alguns ajudantes. Falei com ele enquanto fazia os ajustes finais. Ele disse que estava esperando voar a distância estabelecida com aquela máquina, mas precisava testar algumas coisas antes de sua tentativa.
Logo após, Bagatelle estava lotada. Havia muitas pessoas: membros do Aéro Club, Monsieur Archdeacon, Fotógrafos, Repórteres e uma multidão enorme aguardando o “Petit-Santos” como ele é chamado por aqui em Paris. Ele sempre nos surpreende! A popularidade de Santos por essas bandas de Paris é impressionante. Acho que cada cidadão aqui o conhece, seus feitos no balonismo criou uma verdadeira febre pelo vôo em todos nós. Observá-lo voando é tão corriqueiro quanto ver um amigo dirigindo um motocarro.
Às 8:45hs Santos tomou sua posição dentro da cesta de comando e pôs o motor para funcionar. Ele tentou algumas corridas pela grama, e numa dessas passagens as suas rodas de pouso caíram. Foram substituídas e ele recomeçou. Ele não saía do chão. Após algumas tentativas, a hélice saiu voando e foi prontamente substituída. Os observadores do Aéro Club estavam céticos. Após esses infortúnios, Santos explicou que precisava fazer alguns ajustes, mas que mantinha a esperança firme de conseguir voar na máquina ainda hoje, Santos e seu Mecânico Chefe, Albert Chapin, juntamente com seus auxiliares trabalharam pesado e por volta das 15:45, Santos estava pronto para outra tentativa.
Mais de 1.000 espectadores compunham a multidão, esperando que Bagatelle entrasse para os anais da história da aviação. A multidão começou a cercar Santos deixando-o com muito pouco espaço para manobrar ele gesticulou para que recuassem e então o 14-bis começou a se mover através do gramado, cada vez mais rápido e mais rápido, então chegou a hora. Por alguns segundos ele se sustentou no ar como um pássaro encantado. Não lembro de ter ouvido som algum, acho não havia nenhum ruído no ar...
Então o aparelho fez uma curva graciosa para a esquerda e iniciou a descida. O pouso foi tosco e as rodas ficaram danificadas, mas o aeroplano estava intacto. A multidão estava estupefada, muitos gritavam e corriam para o aparelho e seu piloto. Santos foi arrebatado de sua cesta e carregado nos ombros de seus assistentes em triunfo! Os membros do Aéro Club estavam tão aparvalhados com aquela visão que não tomaram as medidas para validar o vôo, porém muitos espectadores, incluindo a minha pessoa, calculou que ele voou cerca de 60 metros numa altitude de 2,5 a 3 metros. O Prêmio Archdeacon havia sido ganho.
O pôr-do-sol se aproxima. A equipe de solo já levou o aparelho embora. Falei com ele enquanto deixava o campo com Monsieur Archdeacon e os membros do Aéro Club. Ele estava muito, mas muito alegre mesmo! Eu não conseguia deixar Bagatelle. Eu precisava escrever essas palavras aqui, no mesmo local, no mesmo dia. As novidades sobre Bagatelle já circulam pelo ar a nossa volta.
Paz...
Paul Tessandier
Correspondente do WWW
Nota do Editor: Em 12 de novembro, Monsieur Dumont voou seu 14-bis novamente em Bagatelle. Ele voou por 220 metros em 21 segundos e conquistou o Prêmio do Aéro Club.