Novo filme sobre a FEB

Papos e avisos genéricos para a comunidade simuleira.
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28_Condor
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Novo filme sobre a FEB

Post by 28_Condor »

[b]Eu confio no povo brasileiro. Voto facultativo já no Brasil![/b]
Oscarito

Re: Novo filme sobre a FEB

Post by Oscarito »

Essa coisa do frio extremo, ao qual os "pracinhas" estavam desacostumados sempre me faz lembrar de uma história que minha avó contava.
Naquele tempo, ela trabalhava na "Malharia & Confecções Ketcher", que ficava no bairro dos Navegantes em Porto Alegre, à beira do rio Guaíba. Embora os proprietários da empresa, bem como a maioria dos empregados fossem todos alemães, de origem ou nascimento, eram considerados alemães "bonzinhos", e portanto confiáveis...
Quando o Brasil entrou na Guerra ao lado dos aliados a empresa foi uma das tantas que passaram a receber encomendas do governo destinadas a suprir o exército brasileiro, pois muita coisa já podia ser produzida aqui. Eram basicamente artigos de lã, tais como luvas, meias, gorros e sobretudos (os famosos "capotes"), ou seja, ítens vitais para o frio europeu, e tudo, claro, nas cores verde-oliva, ou eventualmente caqui, pois não era só para o exército brasileiro não!
As peças depois de prontas eram arranjadas em enormes fardos recobertos com lona impermeável e embarcados em navios de cabotagem no porto fluvial da capital gaúcha. Seguiam então para o porto de Santos e dali para a Europa, nos comboios organizados pela Fourth Fleet da marinha americana.
Todos os dias, no final da tarde, um oficial de intendência do exército brasileiro chegava na empresa para conferir os lotes produzidos. Ele examinava as peças por amostragem. Conferia se os botões foram bem pregados, a bainha bem feita, etc. Então ele informava o nome do navio no qual a carga seria embarcada em Santos para que fôsse pintado na lona, e dava o "visto".
Bem, o caso é que assim que o tal oficial ia embora, os fardos eram abertos e as peças tingidas novamente, só que...na cor cinza! Os sobretudos ainda tinham que ser desmanchados e ajustes feitos aqui e ali para atender ao padrão da...Wehrmacht!. Os botões de baquelite preta com o brazão do exército brasileiro eram removidos e substituidos por outros, produzidos clandestinamente em Novo Hamburgo, distante uns 30Km. Não é preciso dizer qual o modelo...
Finalmente, costuravam um pedaço de lona sobre o local onde foi pintado o nome do navio que receberia a carga em São Paulo, e neste pedaço pintavam o nome "Malmö", que era de um navio sueco "neutro", que transportava café brasileiro e trigo argentino para a Suécia, e cujo capitão tinha o hábito de se perder no meio do caminho, indo parar por acaso no porto de Hamburgo,...na Alemanha!
Tudo era feito muito rapidamente, e com a tradicional eficiência germânica. E todo cuidado era pouco. As cortinas de "blackout" ficavam sempre fechadas pois

_"O Zeppelin pode atacar sem aviso!!"

Ah! Bem pensado "seu" Walter (Walter Ketcher, o dono da empresa), muito bem, diziam os moradores.
Além disso, alguns empregados se posicionavam estrategicamente pelas ruas em torno, agindo como olheiros.
A operação correu bem até que num belo dia, já no finzinho da guerra aconteceu um susto daqueles. Os olheiros chegaram correndo apavorados.

"Alarm! Alarm!

Alguns Jeeps do exército e carros da polícia foram vistos dobrando o quarteirão em plena madrugada. Não havia a menor dúvida. Vieram dar uma batida, uma "incerta"! Alguma informação vazou, alguém deu com a língua nos dentes. Eles ficaram sabendo. Estava tudo perdido. Iam todos em cana. "Kaput!"
Mas não! Ainda havia uma carta na manga. Um plano B!
Acontece que havia sido improvisado um sistema de drenagem de emergência para os tanques de tingimento, que podiam ser esvaziados da tinta cor de cinza e cheios com tinta verde-oliva em segundos. E tudo era jogado de novo às pressas ali dentro. A canalização clandestina desembocava direto no rio Guaíba. Era segrêdo! poucos sabiam disso na empresa. E pelo jeito funcionou.

_"Ora Herr Senhor Oficial Intendente, mas que absurdo! Quem disse tamanha bobagem? Pode constatar o senhor mesmo. Veja, tudo verde!
Sim, somos alemães, porém brasileiros acima de tudo, e leais ao Brasil!
Saiba que estamos todos muito ofendidos!"

No dia seguinte, pela manhã, as pessoas olhavam espantadas para as águas do rio na altura do bairro dos Navegantes, completamente tingidas de cinza...
Minha avó contava que as vezes não dava tempo de fazer todo o trabalho de modificação dos uniformes durante o turno da noite, de modo que a substituição dos botões, que era uma das últimas tarefas, uma vez não foi feita, e os uniformes seguiram assim mesmo, com botões do exército brasileiro.
Eu fico imaginando algum soldado alemão lá na frente russa dizendo para os seus companheiros:

_"Hei! Vejam só que botão estranho no meu "capote"..."

_"É mesmo! E no meu também..."

Eu dizia para minha avó;

_"Mas Vó, a senhora não sente pena hoje dos "pracinhas" brasileiros passando todo aquele frio lá na Itália?"

_"Sim, meu filho. Mas olha, os soldados alemães sentiam mais frio ainda lá na Rússia..." respondia ela, com um sorriso maroto.

Pois é! O "esforço de guerra" brasileiro as vezes se esforçava na direção errada... :rofl:
21_Sokol1
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Re: Novo filme sobre a FEB

Post by 21_Sokol1 »

Interessante... sua avó ou você poderiam ser bons... roteiristas de cinema... :lol: :rofl:
Oscarito

Re: Novo filme sobre a FEB

Post by Oscarito »

Documentário ou Ficção? :P
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